Às vezes, quando estamos diante de situações de inquietudes e conflitos entre os nossos desejos e escolhas assumidas, vivemos momentos de confusão que, aparentemente, não têm saída, e acabamos nos perguntando “que sentido tem a minha vida?”. Essa pergunta pode ser respondida de diversos modos e a partir de diversas perspectivas, sendo elas a filosófica, a teológica, a psicológica etc. Embora a espiritualidade esteja vinculada à teologia, todas essas outras áreas do conhecimento abordam o tema proposto, de modo a pensar a realização da transcendência na imanência durante o percurso da vida cotidiana.
Nós somos constituídos pelas dimensões biológica, psicológica, sociológica, histórico-econômica e espiritual. No entanto, aqui, falarei a partir da dinâmica da espiritualidade. A situação de angústia, diante das tensões da vida, pode ser vista como sintoma, manifestação de alguma “doença” ou “transtorno” psíquico. Sem dúvidas, é preciso ficar atento a esses aspectos, mas a angústia também tem o sentido de abertura a uma nova perspectiva de vida. O estilo de vida que levo precisa ser ressignificado, senão a tensão persiste.
É preciso romper com a visão superficial de que somente se divertir, comer e beber é o suficiente para satisfazer o sentido da nossa existência. Além disso, nós somos liberdade. Em muitos momentos da vida, seguimos os desejos dos outros; em outros, os dos nossos pais e mães; em outros, ainda, os nossos impulsos. Assim, uma das respostas à pergunta “que sentido tem a minha vida?” precisa ser pensada a partir de mais uma: o que dirige a minha vida? A opinião alheia, os meus instintos ou o meu ser?
A vida é constituída de conflitos e tensões. Que sentido dou a eles? Eles podem te ensinar a ver o mundo e a vida de outra perspectiva. Aprendemos com as adversidades. Eles não são somente empecilhos, mas meios de superação. Tornar-nos-emos mais humanos quando aprendermos a superar as adversidades e modificarmos o nosso estilo de vida para um mais leve, e, assim, seremos mais humanos e mais próximos do divino. Não nascemos seres humanos prontos nem santos, mas nos tornamos.
Respostas de 2
Ótimo texto, muito estimulante. Se não nos sentimos felizes, precisamos mesmo aprender a analisar o que pensamos ser o sentido da nossa vida para que possamos ressignificar a nossa forma de viver 🙂
Compreender a responsabilidade do indivíduo em sua jornada rumo à espiritualidade é como desvendar os segredos de um vasto oceano. Como disse o Padre Guilherme autor do texto, a teologia e a filosofia caminham de mãos dadas nessa exploração profunda. Isso nos leva a uma reflexão que transcende as fronteiras do mundo material, situando-nos firmemente na existência com todas as suas escolhas, sejam elas boas ou más.
Assim como deixar de receber alimentos líquidos para se alimentar de sólidos, essa reflexão nos convida a abandonar visões superficiais da vida e a mergulhar em uma compreensão mais profunda de nós mesmos e do mundo que nos rodeia. A responsabilidade individual emerge como a âncora dessa jornada espiritual, pois cada escolha, cada ação, molda nosso caminho.
Ao assumirmos essa responsabilidade, tornamos-nos mais conscientes de nossa própria existência e de como nossas decisões afetam não apenas nossa própria jornada, mas também o tecido da humanidade como um todo. Essa consciência nos dá autonomia para forjar nossa própria espiritualidade, criando um elo mais profundo entre nós e o divino.
Nesse processo, descobri que a espiritualidade não é um destino final, mas sim uma jornada contínua, uma busca constante pela compreensão mais profunda e pela conexão com algo maior do que nós mesmos. Portanto, gostei muito deste texto, pois ele nos lembra que a responsabilidade individual é a chave para desvendar os mistérios da espiritualidade e nos levar a um estado de consciência mais elevado.